A escrita e o desvelamento da realidade vivida nos presídios brasileiros: uma leitura amorosa do livro Além das Grades, de Samuel Lourenço Filho

RESUMO Este artigo objetiva compreender como o Estado trata a pessoa privada de liberdade, sob o ponto de vista de um escritor, que viveu no cárcere por nove anos. Um mergulho na sua escrita ácida, sensível e reveladora, sobre o tempo em que esteve preso. Fez-se uma leitura crítica de Além das grades, crônicas de Samuel Lourenço Filho, que possui um forte traço autobiográfico. Ao longo do trabalho, foi impossível não relacionar as unidades pelas quais o escritor passou com as condições vividas pelos africanos escravizados no Brasil. Foram criados dois recortes para reflexão: identificar como o Estado trata o apenado e como o autor lidou com seus sentimentos ao longo do cumprimento da sua pena, tendo a escrita como um instrumento de sobrevivência, num sistema extremamente racista, injusto e perverso. Os interlocutores desta pesquisa foram bell hooks, pelo viés transgressor; Angela Davis e a obsolescência das prisões; Conceição Evaristo, pela escrevivência; Paulo Freire, pelo esperançar; Escravidão I e II, de Laurentino Gomes; Michel Foucault, Giles Deleuze; dentre outros. O sistema prisional brasileiro é racista, cruel e ineficiente, no que deveria ser o seu trabalho principal: preservar a integridade física e emocional desses sujeitos e promover a (re) integração social. REFERÊNCIAS ABRAHÃO.M.H.B. (Org.). Pesquisa (auto) biográfica: teoria e empiria. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004. BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal – Introdução à sociologia do Direito Penal. Rio de Janeiro: Editora Revan – Instituto Carioca de Criminologia, 3ª edição. 2002. BEZERRA, Aída. Divagações Sobre a Paixão de Ler e Escrever. In: Cadernos Bam. SAPÉ/ DPH/ FNDE/ SEF/ MEC. 1999. BECKER, Haward Saul. Outsiders – Estudos da Sociologia do desvio. Rio de Janeiro: Zahar, 2008 BORGES, Juliana. Prisões: espelhos de nós. São Paulo: Todavia, 2020. BRUM, Eliane. Exaustos-e-correndo-dopados. El país. Brasília, 04 de julho de 2016. Coluna. Disponível em:<https://brasil.elpais.com/brasil/2016/07/04/politica/1467642464_246482.html>. Acesso em: 26 de fevereiro de 2022. CANDIDO, Antonio. Direitos Humanos e literatura. In: A.C.R. Fester (Org.) Direitos humanos e Literatura. Ed. Brasiliense, 1989. DAVIS, Angela. Estarão as prisões obsoletas? Rio de Janeiro: Difel. 2003. DELEUZE Gilles e PARNET Claire. Diálogos. São Paulo: Editora Escuta. 2002. DELEUZE, Gilles. Conversações. São Paulo: Editora 34. 2004 DUARTE, constância Lima e NUNES, Isabella Rosado. Escrevivência: a escrita de nós – reflexões sobre a obra de Conceição Evaristo. Rio de Janeiro: Itaú Cultural, 2020 FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Tradução de Roberto Machado.Rio de janeiro: Editora Graal, 1996. ________, Michel. Vigiar e Punir. Editora Vozes. Petropolis, 1987. FREIRE, Paulo. Educação como prática de liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2021. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. FURLAN, BRIGHENTE, Miriam e PERI, Mesquida. Michel Foucault: Corpos Dóceis e Disciplinados nas Instituições Escolares. Curitiba:Anais do X Congresso Nacional de Educação –EDUCERE.2011. GOFFMAN, Irving. Estigma – notas sobre a manipulação de Identidade Deteriorada. Rio de Janeiro: Editora Guanabara S.A., 1988. GOMES, Laurentino. Escravidão – Volume II. Rio de janeiro: Globo livros, 2021. HAN, Byung-Chu. Sociedade do cansaço. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2015.

LIVRO “Sujeitos da Escrita”

Uma pesquisa que buscou identificar a natureza da dificuldade na aquisição da língua escrita pelos jovens e os adultos, a partir da análise do perfil do sujeito que está inerente à figura do aluno da EJA; dos parâmetros que dão sustentação às políticas, práticas e concepção de aprendizagem, nessa modalidade de educação; da visão de homem e de mundo, frente ao modelo de sociedade científica, que estão subjacentes às teorias do conhecimento; da história da Educação Brasileira, a política de “interdição do corpo”; da análise de métodos e metodologias de alfabetização praticados nas escolas de ensino fundamental; e da história do processo de gramatização das línguas modernas. O trabalho não se furtou de lançar um olhar atento às questões da linguagem, da escrita e do poder, tendo como pano de fundo a tensão entre o mito do alfabetismo e o Direito à Educação. Live de lançamento e apresentação do livro “O Sujeito da Escrita”, de Socorro Calháu, com a participação de Luiz Antônio Senna e Vanusa de Melo.